Rede de solidariedade se forma para ajudar estudante que mora embaixo de ponte na BR-116
História de José Luiz Camboim Moni, 15 anos, retratada por ZH, comoveu os gaúchos
Família recebeu doação de alimentos e várias pessoas se disponibilizaram para ajudar José Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS
Kamila Almeida
O sonho de um menino de 15 anos, que dribla as adversidades de morar debaixo de uma ponte da BR-116 e luta para, no futuro, se formar médico, comoveu pessoas das mais variadas classes sociais e idades. Franzino, o adolescente José Luiz Camboim Moni virou um gigante ao se tornar a personificação de todos os Josés que enfrentam tropeços com gana de vencer. Nem entendia bem o motivo de tanta mobilização. Afinal, enxerga-se um José como qualquer outro.
Personagem de reportagem publicada nesta terça-feira em ZH, motivou dezenas de telefonema e mais de cem e-mails para o jornal. Na internet, texto e vídeo registraram mais de 5,8 mil compartilhamentos. Todo mundo queria saber como tornar a luta de José mais branda.
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Ezequiel Nunes Filho, de Esteio, onde José cursa a 8ª série do Ensino Fundamental, foram quase 50 ligações. Cedo da manhã, um telefonema de Canela garantiu as oito parcelas de R$ 52 para que ele acompanhe a turma, em novembro, na viagem ao Beto Carreiro, em Santa Catarina. O benfeitor ainda deixou um extra garantido para José gastar no passeio. Teve também quem pedisse para o adolescente montar uma lista de desejos. Estava disposto a realizá-los.
— Mas eu não sei, "sôra" — disse ele, ao ser questionado por Rejane Farinha, orientadora educacional da escola.
— Como, José? Tu podes pedir o que quiser. Estão te oferecendo — rebateu Rejane.
José pensou, engasgou.
— Então, posso pedir uns tênis para meu irmão? — questionou.
Precisou de tempo até arriscar-se a dizer que sonha em ter um videogame, ficaria feliz com um computador para fazer os trabalhos em casa e um curso de inglês. Livros ele até queria ganhar, mas resigna-se a ler na biblioteca da escola:
— Lá em casa eu não teria onde guardar, e tem muita umidade. Ia estragar muito fácil.
De óculos escuros, uma senhora discreta trazia a biografia do marido impressa em livro — um médico aposentado que já dirigiu a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Sul (UFRGS). Contribui para deixar mais claro para o menino os passos que ele pode seguir.
Em casa, o dia também foi diferente. Carros com porta-malas cheio de alimentos estacionaram por lá. Os irmãos Matheus, 13 anos, e Jorge, 11 anos, ganharam uma bola. Um casal de Porto Alegre foi ver o que era mais necessário.
— Ah, tem a carroça da minha mãe — lembrou José, sobre o meio de sustento para a casa que ficou inutilizado no começo de maio.
Conta bancária será aberta para donativos
A comoção com José é tamanha que, nesta quarta-feira, família e direção da escola pretendem abrir uma conta para receber donativos vindos de uma maioria que prefere deixar sua identidade anônima, feliz apenas por ajudar.
Mas o que Tatiana, a mulher que luta para manter os filhos nos trilhos do bem, sonha mesmo é em resolver o nó da casa — problema que a levou para debaixo da ponte com os filhos há oito meses. Segundo ela, o terreno em que morava pertencia ao sogro, já falecido.
O marido também morreu, há oito anos, atropelado rente ao local em que hoje residem, sob o asfalto da BR-116, perto da Refap. Sobrou uma dívida referente a pagamentos atrasados dos impostos da casa. Por falta de informação, Tatiana tentou parcelar os dividendos junto à prefeitura de Esteio — segundo ela, sem sucesso. Recebeu uma intimação da prefeitura de que a casa seria penhorada. Apavorou-se. Soube da ponte desocupada. Partiu de mala, cuia, carroça e crianças.
Na noite desta terça-feira, o secretário de Administração da prefeitura, Uéverson Costa Alves, esteve no local e prometeu ver o que é preciso para que ela volte para a casa onde morou por 17 anos.
Personagem de reportagem publicada nesta terça-feira em ZH, motivou dezenas de telefonema e mais de cem e-mails para o jornal. Na internet, texto e vídeo registraram mais de 5,8 mil compartilhamentos. Todo mundo queria saber como tornar a luta de José mais branda.
Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Ezequiel Nunes Filho, de Esteio, onde José cursa a 8ª série do Ensino Fundamental, foram quase 50 ligações. Cedo da manhã, um telefonema de Canela garantiu as oito parcelas de R$ 52 para que ele acompanhe a turma, em novembro, na viagem ao Beto Carreiro, em Santa Catarina. O benfeitor ainda deixou um extra garantido para José gastar no passeio. Teve também quem pedisse para o adolescente montar uma lista de desejos. Estava disposto a realizá-los.
— Mas eu não sei, "sôra" — disse ele, ao ser questionado por Rejane Farinha, orientadora educacional da escola.
— Como, José? Tu podes pedir o que quiser. Estão te oferecendo — rebateu Rejane.
José pensou, engasgou.
— Então, posso pedir uns tênis para meu irmão? — questionou.
Precisou de tempo até arriscar-se a dizer que sonha em ter um videogame, ficaria feliz com um computador para fazer os trabalhos em casa e um curso de inglês. Livros ele até queria ganhar, mas resigna-se a ler na biblioteca da escola:
— Lá em casa eu não teria onde guardar, e tem muita umidade. Ia estragar muito fácil.
De óculos escuros, uma senhora discreta trazia a biografia do marido impressa em livro — um médico aposentado que já dirigiu a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Sul (UFRGS). Contribui para deixar mais claro para o menino os passos que ele pode seguir.
Em casa, o dia também foi diferente. Carros com porta-malas cheio de alimentos estacionaram por lá. Os irmãos Matheus, 13 anos, e Jorge, 11 anos, ganharam uma bola. Um casal de Porto Alegre foi ver o que era mais necessário.
— Ah, tem a carroça da minha mãe — lembrou José, sobre o meio de sustento para a casa que ficou inutilizado no começo de maio.
Conta bancária será aberta para donativos
A comoção com José é tamanha que, nesta quarta-feira, família e direção da escola pretendem abrir uma conta para receber donativos vindos de uma maioria que prefere deixar sua identidade anônima, feliz apenas por ajudar.
Mas o que Tatiana, a mulher que luta para manter os filhos nos trilhos do bem, sonha mesmo é em resolver o nó da casa — problema que a levou para debaixo da ponte com os filhos há oito meses. Segundo ela, o terreno em que morava pertencia ao sogro, já falecido.
O marido também morreu, há oito anos, atropelado rente ao local em que hoje residem, sob o asfalto da BR-116, perto da Refap. Sobrou uma dívida referente a pagamentos atrasados dos impostos da casa. Por falta de informação, Tatiana tentou parcelar os dividendos junto à prefeitura de Esteio — segundo ela, sem sucesso. Recebeu uma intimação da prefeitura de que a casa seria penhorada. Apavorou-se. Soube da ponte desocupada. Partiu de mala, cuia, carroça e crianças.
Na noite desta terça-feira, o secretário de Administração da prefeitura, Uéverson Costa Alves, esteve no local e prometeu ver o que é preciso para que ela volte para a casa onde morou por 17 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário