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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Retirada de areia impacta área em Viamão

Proibição de remover matéria-prima do Rio Jacuí, que durou 83 dias, intensificou procura em outros locais, como Águas Claras

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Um sobrevoo pela localidade de Águas Claras, em Viamão, realizado pela reportagem de ZH na manhã desta quinta-feira, revela os efeitos que a extração de areia vem provocando. Três crateras, das quais uma poderia abrigar os estádios da Arena e do Beira-Rio juntos, mais outras jazidas menores ou recém-abertas, assomam entre a mata, enquanto caminhões e escavadeiras operam num cenário que lembra o garimpo da Serra Pelada.

A mineração em Águas Claras – a 45 quilômetros do Centro de Porto Alegre – existe há 20 anos. No entanto, intensificou-se com a proibição de retirar areia do Rio Jacuí, que se estendeu por 83 dias, a partir de 15 de maio. Atualmente, 20 empresas atuam no distrito rural de Viamão, segundo a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Moradores ouvidos por ZH, que não se identificam por temer represálias, reclamam que a exploração das jazidas está destruindo um dos pedaços da Mata Atlântica. Relatam que as mineradoras atuam inclusive de madrugada, provocando barulho e poluição. Garantem que deram inúmeras queixas aos órgãos de fiscalização, sem retorno.
– Antes se ouvia o ronco do bugio. Agora é o ronco dos motores – diz um dos habitantes mais antigos.
Pelo menos 50 caminhões transportam areia diariamente, por estradinhas de chão, levantando poeira e espantando aves nativas. Eles acessam a rodovia Viamão-Capivari do Sul (ERS-040), a cinco quilômetros das jazidas, para abastecer a construção civil da Grande Porto Alegre.
– Abriram uma estrada rente à minha casa, perdi o sossego – conta a dona de um sítio, que também não deseja se identificar.

Fepam admite irregularidades
O chefe da Divisão de Mineração da Fepam, Renato João Zucchetti, informa que há diferentes situações nas empresas que atuam em Águas Claras. Há as que trabalham dentro da lei, enquanto outras foram multadas, interditadas (total ou parcialmente) ou estão sob investigação. Também existem as que tentam se ajustar ou foram condenadas a reparar algum dano ambiental.
– A atividade é impactante. O extrativismo é desordenado, meio da pré-história – afirma o técnico.

A mineração cresce em Águas Claras porque a retirada no Rio Jacuí, que responde por 75% do abastecimento de areia no Estado, não foi totalmente normalizada. Zucchetti calcula que a produção, no Jacuí, está chegando aos 40% da fase anterior.

Responsável pela ação judicial que proibiu a extração no Jacuí, até que houvesse garantias de proteção ao rio, a Associação para Pesquisa de Técnicas Ambientais (Apta) está preocupada com Águas Claras. O presidente da entidade, Clóvis Aírton Braga, qualifica a exploração de predatória:
– É catastrófico, não se respeita a mata ciliar nem as profundidades para se escavar.
A Apta está se articulando com as famílias de Águas Claras. Braga entende que a Fepam deveria agir antes que seja tarde.
– Com o tempo de parada no Rio Jacuí, acelerou-se o caos lá – destaca.
A situação
Em 15 de maio, a Vara Federal Ambiental de Porto Alegre proibiu que as empresas Somar, Aro e Smarja retirassem areia do Rio Jacuí, por suspeita de danos ambientais.
Como a mineração no Rio Jacuí abastece 75% do mercado gaúcho, aumentou a procura em outros locais, como Águas Claras (Viamão), Cristal, Rio Pardo, Rosário do Sul, Santa Maria e no Rio Camaquã.
Em 6 de agosto, após um acordo na Justiça, as dragas voltaram a operar no Rio Jacuí. Atualmente, produzem 40%. Devem chegar aos 100% à medida que se ajustarem às novas regras.
Em Águas Claras, 20 mineradoras exploram areia. Algumas são legais, outras já foram multadas ou interditadas.
ZERO HORA

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