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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Ilhas submersas abrigam espécies em extinção

Espécies como corais da família dos ceriantídeos, são encontradas em ilhas submersas no litoral gaúcho

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Ilhas submersas abrigam espécies em extinção Arquivo pessoal/Divulgação
Formados a partir da cimentação de grãos de areia e conchas com carbonato de cálcio, os parcéis representam antigos limites do mar em relação ao continente Foto: Arquivo pessoal / Divulgação
Rochas submersas escondidas nas profundezas do mar têm despertado a atenção de pesquisadores de oceanos e motivado novos projetos de investigação científica no litoral gaúcho. Localizados a 25 metros de profundidade, em média, os parcéis são rochas que abrigam grande quantidade de vida marinha como corais e exemplares da fauna ameaçados de extinção.
No Estado, eles ocorrem em frente a praias como Torres e Cassino, em Rio Grande, mas há indícios de que possam estar também nas profundezas do mar de Capão da Canoa e Tramandaí.
Ainda pouco conhecidos pela ciência, os parcéis são geralmente visualizados por pescadores e mergulhadores, como Henrique José dos Santos Junior, da Oceânica Centro de Mergulho.
– Parecem montanhas com formato de cânions submersos, e abrigam uma variedade de espécies de fauna, principalmente cardumes de peixes – explica.
Projeto no RS para catalogar formações
Devido à turbidez do mar no RS, a exploração para o turismo e para estudo deste tipo de formação ainda é restrita, afirma o oceonólago Lauro Júlio Calliari, do Instituto de Oceonografia da Fundação Universidade do Rio Grande (Furg):
– São como santuários ecológicos desconhecidos e ricos. Têm uma fauna tremenda.
Formadas pela cimentação de grãos de areia e conchas com carbonato de cálcio, as rochas submarinas representam antigos limites do mar em relação ao continente e abrigam um tipo de fauna típica de fundo duro. Além da biodiversidade, são importantes em razão do depósito de conchas – o que representa um recurso mineral forte, diz Calliari.
De acordo com o pesquisador, porém, não há apenas uma teoria que explique sua formação. Uma hipótese é de que os parcéis tenham sido gerados pela cimentação e formação de rochas dentro do mar.

Em vídeo, veja como são os parcéis de Torres:


Além dos indícios informais, há evidências disso em cartas náuticas da Marinha, segundo Jair Weschenfelder, geólogo e professor do Instituto de Geociências da UFRGS:
– Hoje, os parcéis estão aparecendo em locais sem evidências anteriores. Sua ocorrência era mais comum até São Paulo, por causa das águas serem mais quentes.
Devido à série de implicações na geologia e biologia marinha, Jair planeja criar um projeto para realizar coleta de amostras e análises que tragam evidências científicas para a classificação dos parcéis do litoral gaúcho.
Turbidez da água no litoral gaúcho dificulta visualização
O período mais propício à visualização dos parcéis acontece entre dezembro e abril, quando a água está em melhores condições de visibilidade. Mesmo assim, da superfície praticamente nada se vê – embora pescadores já tenham visualizado parcéis em Rio Grande. Na maioria dos casos, eles só podem ser observados em mergulhos, saindo de pontos como o Rio Mampituba, em Torres, e o Rio Tramandaí, em Tramandaí.
Pesquisador do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (Ceco), Thiago Nóbrega Lisboa afirma que fósseis dos parcéis foram encontrados em 2012, o que teria aumentado o interesse dos pesquisadores. De acordo com Lisboa, além de corais, esponjas, anêmonas e ceriantídios, lugares como estes também podem abrigar espécies ameaçadas de extinção.
– Essas zonas teriam de ter manejo e controle da pesca e do tráfego marinho, para garantir a preservação das espécies – defende Lisboa.
Em São Paulo e no Maranhão, a existência de parcéis levou à criação de parques específicos para sua visualização e preservação. No Rio Grande do Sul, o Parcel do Carpinteiro, localizado a 30 quilômetros dos Molhes de Rio Grande, é o mais conhecido e estudado.
– É uma das únicas feições consolidadas da costa gaúcha. Nossa costa é reta, contínua e arenosa, com quase 600 quilômetros de praia arenosa. É importante do ponto de vista da biologia pela concentração de organismos marinhos costeiros que dependem de substrato duro  – avalia André Colling, oceanógrafo e pesquisador da Fundação Universidade Federal do Rio Grande.
Segundo ele, estes locais podem abrigar espécies de tartarugas marinhas e também do peixe Garopa (o mesmo ilustrado na nota de R$ 100), além de bolachas e estrelas do mar, anêmonas, crustáceos, cracas e moluscos.
PARA SEU FILHO LER
SAIBA MAIS SOBRE OS PARCÉISÉ como se fossem ilhas submersas no mar. Ali, vivem uma grande quantidade de espécies marinhas. Além de ser um berçário de peixes e tipos de esponjas e estrelas-do-mar (como o Patrick, do desenho Bob Esponja), eles também podem ser visitados por espécies como golfinhos, tubarões, tartarugas e raias, que buscam essas áreas para se alimentar.
 
ZERO HORA

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