De volta aos braços da Capital
Após 38 dias fechado devido ao incêndio que destruiu parte do segundo andar, Mercado Público reabre mais seguro nesta terça-feira
Termina às 10h desta terça-feira, em grande parte, a provação que afligia, desde 6 de julho, comerciantes e fregueses de um dos pontos turísticos mais estimados de Porto Alegre.
Na definição de um dos permissionários mais antigos, o incêndio que destruiu 10% do Mercado Público, forçando a suspensão das vendas e do fornecimento de energia elétrica, transformou o prédio histórico de rotina vibrante em um "buraco":
– Parecia um velório, não parecia um mercado.
Angelo Bessa de Sousa, 68 anos, sócio-gerente da Padaria Copacabana, inaugurada em 1964, na manhã de segunda supervisionava a equipe que preparava massas e recheios, ansiando pela retomada da rotina de mais de cinco décadas – começou a trabalhar no mercado em 1962, aos 19 anos. Das 110 bancas, 73, todas localizadas no térreo, voltam a operar nesta manhã. Como Sousa, muitos permissionários preencheram os 38 dias ociosos realizando reparos nas lojas, intensificando a faxina e discutindo a regularização das instalações em reuniões com autoridades. O ambiente que recepciona o público do Centro, com exceção da imensa lona preta que cobre a região afetada no segundo pavimento, é o mesmo de antes, exibindo um sortimento colorido de produtos frescos.
Ainda cercado de prateleiras vazias, o português natural de Baião, vila próxima à cidade do Porto, resgatava as lembranças do horário de maior movimento, geralmente entre 6h e 9h, quando os passageiros do Trensurb enchem a padaria, atrás de sanduíches, cucas e bolos a caminho do escritório. Vende cerca de 10 mil cacetinhos por dia. Pão d'água de meio quilo, "pão de quarto" e biscoito champanhe são iguarias antigas que resistem no cardápio da Copacabana. Sousa torce pela normalização rápida dos negócios para amenizar o prejuízo.
– A cada trem daqueles que chega, dá uma enchente de gente. Centenas, milhares de pessoas – descreve Sousa. – Esta padaria é a minha vida. A Copacabana nunca existiu sem mim – completa.
Na juventude, Sousa trabalhou de madrugada, servindo canja e sanduíche de pernil aos frequentadores das boates das redondezas. Lembra do bonde passando em frente e da total segurança de que desfrutavam os boêmios. Na década de 1980, a noite começou a ficar perigosa, e a padaria encurtou o período de atendimento, fechando às 22h, prática que segue até a atualidade. O comerciante superou o incêndio de 1979 sem perdas e amargou uma época de inatividade em 1996, quando foi colocada a cobertura no prédio. Mas nada que se compare à indefinição e à angústia das últimas semanas. Não tinha resposta para dar a quem passava pedindo informações ou telefonava interessado em encomendas: "Quando vai reabrir?".
– Muito ruim. Um clima triste, de desolação – conta.
Sousa utiliza itens perecíveis e lamenta não ter conseguido doar a grande quantidade de mercadorias que tiveram de ser jogadas no lixo no decorrer de julho _ como havia a perspectiva de retomar, a qualquer momento, a produção que demanda 65 funcionários, foi segurando os estoques. Na sexta-feira, aliviado com a divulgação da data de reabertura, desprezou a má fama do número e do mês.
– Treze é um número danado. E o mês é agosto! – diverte-se.
Na definição de um dos permissionários mais antigos, o incêndio que destruiu 10% do Mercado Público, forçando a suspensão das vendas e do fornecimento de energia elétrica, transformou o prédio histórico de rotina vibrante em um "buraco":
– Parecia um velório, não parecia um mercado.
Angelo Bessa de Sousa, 68 anos, sócio-gerente da Padaria Copacabana, inaugurada em 1964, na manhã de segunda supervisionava a equipe que preparava massas e recheios, ansiando pela retomada da rotina de mais de cinco décadas – começou a trabalhar no mercado em 1962, aos 19 anos. Das 110 bancas, 73, todas localizadas no térreo, voltam a operar nesta manhã. Como Sousa, muitos permissionários preencheram os 38 dias ociosos realizando reparos nas lojas, intensificando a faxina e discutindo a regularização das instalações em reuniões com autoridades. O ambiente que recepciona o público do Centro, com exceção da imensa lona preta que cobre a região afetada no segundo pavimento, é o mesmo de antes, exibindo um sortimento colorido de produtos frescos.
Ainda cercado de prateleiras vazias, o português natural de Baião, vila próxima à cidade do Porto, resgatava as lembranças do horário de maior movimento, geralmente entre 6h e 9h, quando os passageiros do Trensurb enchem a padaria, atrás de sanduíches, cucas e bolos a caminho do escritório. Vende cerca de 10 mil cacetinhos por dia. Pão d'água de meio quilo, "pão de quarto" e biscoito champanhe são iguarias antigas que resistem no cardápio da Copacabana. Sousa torce pela normalização rápida dos negócios para amenizar o prejuízo.
– A cada trem daqueles que chega, dá uma enchente de gente. Centenas, milhares de pessoas – descreve Sousa. – Esta padaria é a minha vida. A Copacabana nunca existiu sem mim – completa.
Na juventude, Sousa trabalhou de madrugada, servindo canja e sanduíche de pernil aos frequentadores das boates das redondezas. Lembra do bonde passando em frente e da total segurança de que desfrutavam os boêmios. Na década de 1980, a noite começou a ficar perigosa, e a padaria encurtou o período de atendimento, fechando às 22h, prática que segue até a atualidade. O comerciante superou o incêndio de 1979 sem perdas e amargou uma época de inatividade em 1996, quando foi colocada a cobertura no prédio. Mas nada que se compare à indefinição e à angústia das últimas semanas. Não tinha resposta para dar a quem passava pedindo informações ou telefonava interessado em encomendas: "Quando vai reabrir?".
– Muito ruim. Um clima triste, de desolação – conta.
Sousa utiliza itens perecíveis e lamenta não ter conseguido doar a grande quantidade de mercadorias que tiveram de ser jogadas no lixo no decorrer de julho _ como havia a perspectiva de retomar, a qualquer momento, a produção que demanda 65 funcionários, foi segurando os estoques. Na sexta-feira, aliviado com a divulgação da data de reabertura, desprezou a má fama do número e do mês.
– Treze é um número danado. E o mês é agosto! – diverte-se.
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